sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Queimando o Filme! - O Gaúcho Voltou? E Daí?

Alô tripulação! Mais uma sexysta-feira à vista e estamos nós aqui outra vez. Mas não pra falar de cinema, porque pelo que eu sei, a boa ainda é ver - ou rever - Tropa de Elite 2, filme com público recorde no Brasil em 2010: mais de 6 milhões de espectadores. Bem, você poderia me perguntar, se não é sobre cinema, então vai falar do que?

Ora, da Seleção Brasileira. Afinal, saiu a hoje a lista dos convocados de Mano Menezes para o amistoso - quase nunca amistoso - contra a Argentina, em novembro. Para quem ainda não viu a lista, poucas surpresas. Goleiros: Victor (Grêmio), Jefferson (Botafogo) e Neto (Atlético/PR); zagueiros: Thiago Silva (Milan-ITA), David Luiz (Benfica-POR), Alex (Chelsea-ING) e Réver (Atlético/MG); meio-campistas: Lucas (Liverpool-ING), Jucilei (Corinthians), Sandro (Tottenham-ING), Elias (Corinthians), Ramires (Chelsea-ING), Douglas (Grêmio), Ronadlinho Gaúcho (Milan-ITA) e Philippe Coutinho (Internazionale-ITA); e atacantes: Neymar (Santos), Pato (Milan-ITA), Robinho (Milan-ITA) e André (Dínamo Kiev-UCR). Exceto pela estreia do bom Douglas, do Grêmio e pela volta do Gaúcho, nenhuma novidade. Mas é exatamente do retorno do camisa 80 do Milan que eu quero falar hoje.

Quem me conhece sabe. Eu nunca fui defensor do futebol do cara. Nem no Grêmio, nem no Paris Saint-Germain, nem no Barcelona, e muito menos na Seleção. O motivo é simples. Considero Ronaldinho Gaúcho um showman e não um jogador de futebol. Muitos de seus dribles não são produtivos, não levam a nada, e não resultam em gols. Entendo que o público merece, é óbvio, ver o show que ele proporciona, às vezes, com seus dribles desconsertantes, seus passes sem olhar ou seus gols incríveis. Mas aí entram duas coisas, dois motivos simples pelos quais você vai entender porque eu acho que a Seleção Brasileira nem sempre precise de Ronaldinho Gaúcho.

O primeiro é simples. Se você acompanhar o atual time do cara, o Milan, não um fim de semana ou outro, não nos melhores momentos, não nos gols da rodada do Italiano, mas sim como você acompanha o seu time, em todos os jogos, você vai ver que ele não dá esse show com frequência, como todo mundo imagina e como a imprensa brasileira pinta. É bem raro, aliás. São muitos jogos em que ele passa apagado, algumas partidas em que erra tudo - e arma jogadas para o adversário - e partidas simplesmente normais. Alguém pode dizer que isso é natural, afinal nenhum jogador está sempre bem. Correto. Mas Ronaldinho Gaúcho parece indiferente a este fato. Estando mal ou bem, ele vai tentar uma jogada de efeito. Às vezes deixando um companheiro na cara do gol, ok, mas na maioria das vezes, atrapalhando seu time. Exatamente por não estar sempre bem, é que acho que lhe falta humildade para fazer o simples, dar um passe ao invés de um drible, um chute seco ao invés de tentar algo genial. Não é sua capacidade técnica que eu discuto. Ele joga muito! O que não gosto é de sua capacidade de avaliar tanto o jogo quanto a si mesmo, o que tira completamente sua objetividade.

A segunda razão é ainda mais simples. Sua posição. Pouca gente lembra, mas quando ele explodiu no Grêmio, em 99, ele era atacante, tanto que em sua estreia pela Seleção, contra a Venezuela, quando fez aquele gol antológico, ele foi convocado no lugar do Capetinha Edílson, cortado após a confusão da final do Paulistão por causa das famosas embaixadas. Apenas na França, que diga-se de passagem, tem um dos campeonatos mais babas entre os grandes da Europa, que ele foi recuado para o meio. Em sua chegada ao Barcelona, em 2003, Rijkaard trouxe de volta ao clube o sistema holandês de jogo, usando Ronaldinho como um ponta, levando-o de volta ao ataque. Jogando desta forma, de 2003 a 2006, Ronaldinho ganhou tudo na Espanha, mas perdeu a Copa do Mundo. Posto que na Seleção, porém, nunca conseguiu jogar desta foram. Parreira e Dunga tentaram e não conseguiram. Porque Ronaldinho nunca foi meia, apesar de todo seu talento com a bola nos pés. Precisa, hoje até mais do que nunca, jogar solto. Sem tantas preocupações. E no ataque, o mais perto possível do gol, de preferência na ponta, onde o jogo costuma ser menos congestionado. Talvez Mano Menezes consiga jogar com Ronaldinho, Neymar e Robinho no mesmo time sem sacrificar Alexandre Pato e o sistema defensivo. Mas quanto não, Ronaldinho é, no máximo, banco.


Ronaldinho continua aprotando na Itália. Mas até onde seus dribles ultrapassam o limite entre o
show e a objetividade?

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