segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ressaca Esportiva - Uma Crônica Sobre o Flu

Carnaval em Três Cores

Eu e duas tricolores. Impossível estar em melhor companhia, acredite. Eu não sou tricolor. Sou rubro-negro, com muito orgulho; Flamengo até morrer eu sou. Desde que nasci. Mas não trato futebol como religião. Respeito as cores e as instituições, e de alguns rivais tenho até camisa oficial. Como todo bom rubro-negro, eu gosto de futebol. E como todo bom boêmio, gosto de farra. Por isso vesti sem problemas a minha camisa do Fluminense, comprada no ano em que o Tricolor conseguiu o feito inédito e inigualável na história do futebol brasileiro de ser rebaixado para a Segundona pelo segundo ano consecutivo – mas as alfinetadas acabam aqui, eu juro. Até porque hoje, dia 6 de dezembro de 2010, o Fluzão merece todo o meu respeito.

Foi campeão brasileiro à moda do Muricy. Jogando sem brilho na maioria das vezes, sem encantar, e sem dar show, mas com extrema competência. Foi o time que menos errou dentro de campo e por isso foi premiado com o título merecido. Teve em Conca um jogador que queimou minha língua e foi, sim, decisivo; teve na dupla Mariano-Carlinhos uma arma poderosa e regular durante toda a competição; e soube administrar melhor que seus rivais os desfalques de teve quando, por boa parte da competição, foi obrigado e jogar sem Deco, Émerson e Fred. Apesar de tudo que se vai dizer por aí, ganhou quem jogou mais bola. O futebol agradece quando isso acontece. E eu também.

E fui eu agradecer, como já havia dito lá em cima, carinhosamente vestido com as cores do Tricolor das Laranjeiras, time de um dos meus eternos ídolos literários, Nelson Rodrigues, “clube pai” do meu Flamengo, e dentro do qual tenho – e sempre tive – bons amigos. E amigas. Porque ô torcida linda essa do Flu. “É brincadeira!”, como diria outro tricolor que admiro, Gérson Canhotinha de Ouro. Aliás, torcida linda, educada e muito culta. Ou vocês acham que é qualquer torcida que faz música parodiando um clássico da MPB como Andança? Claro que não. Mas não é com três adjetivos que essa história começa e também não será assim que ela vai acabar. Foi com três personagens que essa loucura começou. Eu e duas tricolores. E em três cores ela vai terminar.

Vai terminar com o Branco radiante da paciente Rachel, que se permitiu sorrir mesmo sob o dilúvio que transformou a Sapucaí num rio de água, suor e lama. Com o Vermelho encarnado na extrovertida Soraya, que não parou um minuto, pulou, gritou e se preciso fosse, nadaria de tanta felicidade. E com o Verde no coração desse narrador cujo único motivo de estar ali era a esperança de uma boa farra, uma boa companhia ou uma boa história para contar. E ganhei todas nas três cores que traduzem tradição. Porque, cá entre nós, é sempre bom substituir o clima de rivalidade pelo de festa, é sempre bom brincar de ser feliz seja qual for o motivo, e, claro, é sempre bom xingar o traíra do Ronaldo. Mas é só no fim, quando a desconfiança foi substituída por certa admiração; quando, mesmo sabendo que você não é tricolor, te olham com respeito pelo que você enfrentou pelo time deles e pelo simples desejo de brincar, é quando você lembra que o futebol não deveria ser uma guerra, e sim um verdadeiro Carnaval. Obrigado a vocês, Rachel e Soraya, que me deixaram brincar na sua festa, esse Carnaval em Três Cores. E parabéns a todos os tricolores do céu e da terra!

Soraya, Rachel e Tunan, ilhados num posto de gasolina ao
lado da Apoteose. Isso foi minutos antes da gente encarar o
Rio Sapucaí. O perrengue foi grande, mas valeu muito a pena.
E está comprovado: tricolor é tudo guerreiro mesmo! rs

3 comentários:

  1. Tunan, amei a crônica!!!! O choro contido de ontem se fez presente agora lendo seu texto poético, sincero e emocionante.
    Obrigada tb por ter feito da nossa comemoração uma lembrança inesquecível!
    beijo no seu coração rubro-negro-tricolor! rsrsr

    Rachel

    ResponderExcluir
  2. Às vezes palavras são só palavras. Às vezes elas fazem valer um dia, uma escolha e até uma vida inteira. E são essas, as mais simples e sinceras, que me fazem acreditar no que eu sou de fato. Um encantador de palavras. Muito obrigado, Rachel.

    ResponderExcluir
  3. Tunan, adorei a crônica!
    Ninguém percebeu que vc era flamenguista...rsrsrs
    Também acho que o importante é se divertir, ser feliz, sem violência.
    Adorei a sua companhia e espero que o FLUZÃO vença mais campeonatos este ano!!!
    Ah! No metrô foi demais né!!!
    Beijos.
    Soraya

    ResponderExcluir