quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Filosofia de Quinta - Proximidade Distante

Fala, rapaziada! Como nosso sábio e velho colunista Pereirinha tem andado muito ocupado ultimamente nas farras da Terra do Nunca, eis que, como vosso editor, vim abrir um novo espaço no nosso amado blog/bar - que, de tão abandonado nas últimas semanas, já tava virando daqueles botecos pés-sujos que alguns de nós tanto apreciam... rs

E como nos palpites de ontem acertei apenas 1 placar (Copenhagen 1x0 Rosenborg, pela Liga dos Campeões), 6 resultados (vitórias de Ajax, Tottenham e Zilina também pela Liga dos Campeões, Colo Colo pela Sulamericana, e Flu e Botafogo pelo Brasileirão), e errei os outros 7 jogos, inauguro a Filosofia de Quinta falando de um assunto não tão sério, mas do qual entendo um pouco mais, que é a distância da globalização.

Pois é. A gente viveu ouvindo na escola que a globalização aproxima e diminui o mundo e coisa e tal. Mas será mesmo? Olha à sua volta. O mundo parece realmente menor? Ta certo que com o boom da internet e das comunicações móveis, você hoje tem acesso quase ilimitado à informações e conteúdos que antes eram impensáveis. Você pode paquerar uma brasileira que mora no Japão, pode escrever e ter uma resposta no mesmo dia da fábrica da Mercedes, na Alemanha, pode visitar a sede virtual dos grandes clubes europeus, pode ver no Youtube desde as coisas mais bizarras do mundo até flagras jornalísticos que nenhum jornal ou paparazzo (pra quem não sabe, paparazzi é o plural, já que em italiano, usa-se o "i" no final das palavras, mais ou menos como usamos o "s" por aqui) conseguiria pegar. Sim, meus caros amigos de copo. Tudo isso é verdade comprovada. Mas, mesmo assim, dê uma boa olhada à sua volta outra vez. Mas e as relações humanas?

Num mundo mais próximo, deveríamos estar mais juntos. E não é isso que acontece. Com o advento da tecnologia, não precisamos mais sair de casa para quase nada. Banco? Pela internet. Comida? Pelo telefone. Estudar? Via internet. Novas amizades? MSN e as redes sociais. Até sexo se pode fazer por telefone e internet - tudo bem, alguns diriam que não é sexo, sexo, mas essa é uma definição que não me meto a discutir aqui e agora.

Ontem, entre uma conversa e outra - pela internet, veja só... - acabei tocando no assunto com uma amiga, que estranhou eu ter me importado e perguntado sobre uma daquelas mensagenzinhas pessoais que se coloca no MSN, de que ela estava chorando. Pensei comigo. Mas que mundo é esse? Vivemos tão distantes um do outro que se tornou estranho e surpreendente quando alguém nos nota e se preocupa. Talvez por sermos cada mais estranhos ao próximo, se veja tantas informações pessoais que antes só falaríamos ao espelho ou sob tortura ou álcool, estampadas nas redes sociais. Virou moda se abrir porque ninguém parece se preocupar mais com isso. Hiperdinamismo, superficialidade e outras características antes exclusivamente acadêmicas passaram a fazer parte das nossas relações sociais, vê se pode! Mesmo com as webcans e Skypes ligados, não nos vemos mais. Somos mais incapazes de perceber gestos, expressões faciais e tons de voz hoje do que éramos há 500 anos. Por que se tornou comum.

Me parece, como disse à Dani ontem à noite, é que, no mundo de hoje, vivemos em tanta superficialidade, com relações tão vazias, que a carência humana está cada vez maior, e causando cada vez mais confusões. Tanto que virou moda a frase "sou legal, não to de dando mole". As pessoas estão cada vez mais confusas, mais carentes e, por isso, mais perdidas nesse redemoinho de emoções, lutando para não se afogar, pulando de barquinho em barquinho - de papel... Motivo pelo qual, suponho, as relações amorosas estejam cada vez mais descartáveis. "Mas eu achei que..." é a frase do novo milênio. Presta atenção só.

Por isso, mesmo sendo um cara descrente quanto a romances, me apego tão firmemente ao meu único luxo de otimismo: tentar olhar sempre para o ser humano. Não para as letrinhas coloridas e emoticons, não para conversas virtuais que mais parecem monólogos, e não - pelo menos, não sempre - para as convenções dessa coisa social em que vivemos. Faça o teste! Tente conversar com mais dos seus amigos pessoalmente, tente fazer novas amizades e paquerar mais fora da tela do computador, e tente ir pra um restaurante quando não quiser cozinhar. Não estou aqui fazendo campanha contra as facilidades da modernidade, mas a favor de se tentar fazer as coisas de outro jeito às vezes, afinal, trancados em casa podemos até ganhar mais tempo, mas nunca ganharemos mais vida. Porque a vida não se mede pelo tempo que temos e sim pelo quanto podemos viver em apenas um segundo. Carpe Diem!

Dar uma gastada na net é até legal, mas nada se compara à vida de verdade.
Ou você acha que o casal aí se divertiu mais na frente do PC do que nessa foto?

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